Modernidade e pós-Modernidade na Realidade Brasileira.

Tomando entre algumas características definidoras da modernidade, o primado da Ciência como fator de relevância para uma promessa de um futuro em que a humanidade encontraria sua redenção, e a Razão como um fundamento filosófico que guiaria o homem supostamente numa base firme, e, também, considerando esses dois fatores relevantes da Revolução que se passou a denominar de Modernidade, procurei identificar dois momentos da realidade brasileira que se assemelhem a esses pontos, assim como seus contrapontos que se denomina pós-Modernidade.
 O primeiro exemplo de modernidade que tomo é ligado ao mundo da ciência, é aquele localizado num projeto político-econômico conhecido como desenvolvimentismo, promessa de avanço econômico-social em que se investe, tanto em nível de governo com da iniciativa privada, volumes enormes de entusiasmo, recursos e dinheiro na construção e melhoria do parque industrial brasileiro, onde se emprega o conhecimento científico e sua aplicação, a tecnologia, no intuito de melhorar o conforto material da população. O segundo exemplo, mais ligado à filosofia (correlato ao primeiro) e a ideologia, é o culto da racionalidade; esse apregoado por parte da elite pensante da sociedade brasileira e difundido através do sistema de educação, que em seu currículo trabalha “apenas” o lado lógico e prático do conhecimento, voltado para o sistema produtivo, tendendo a uniformizar o uso da razão para o projeto de exploração da Natureza , produção e consumo.
 Os exemplos de pós-modernidade que aponto seriam ligados no de modernidade, (1) posicionamento de uma parcela da sociedade identificando um fracasso no uso massivo de ciência e tecnologia, redundando em desastres ecológicos, degradação do meio ambiente, uso irrestrito de técnicas biológicas com possíveis ameaças à vida etc. Propõe um novo modo de produção em que se respeite os impactos das atividades humanas de produção, mesmo que isso signifique um freio no volume e velocidade na produção (o que será das demandas nos grandes centros?). O outro exemplo de pós-modernidade - ainda conexo à modernidade supra -, é voltado para um repensar do uso de uma mentalidade focada no racionalismo. Parcela da população, tanto de intelectuais como de pessoas atentas e sensíveis ao cenário de caos e angústias das massas, têm concluído que se precisa, urgentemente, de se voltar o pensamento e sensibilidades, para a ponderação de valores em outras dimensões do homem, que vá além do uso puro e único da razão. Despertar o sentimento, a sensibilidade intuitiva, a espiritualidade, mormente esta, para enxergarmos que somos todos irmãos e partícipes de uma mesma aventura de existir; que dependemos, para a realização da felicidade, o objetivo maior da vida, do meio ambiente preservado, que é nosso lar, e do  próximo, com quem temos a oportunidade do partilhamento. Assim, garantindo às futuras gerações a esperança da vida.
Márcio de Carvalho Bitencourt

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