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A afirmação de Nietzsche a respeito do niilismo presente no pensamento de Platão e no cristianismo

No interior do pensamento de Nietzsche a afirmação de niilismo no platonismo e no cristianismo é uma consequência natural. Para Nietzsche esta vida que se tem e todo seu devir é tudo que o universo nos tem dado. É na existência atual que o homem superior exerce sua “vontade de poder”, antes de voltar a ser húmus. Nem por ser consciente de sua condição de “húmus” ele nega a vida atual pelo escapismo de uma metafísica niilista. Nietzsche afirma que Platão e Sócrates sistematizaram uma moral e racionalidade de capitulação diante da vida e suas exigências, por não poderem suportar, por suas fraquezas, a vida por si mesma, sem a ilusão de mais nada que ela mesma. Criaram um mundo ilusório, que serviu a hegemônica cristandade, que também inebria o homem fraco com suas promessas ilusórias de castelo onírico e etéreo.  Por isso, para concordar ou não com Nietzsche é preciso entendê-lo dentro de suas perspectivas. Na sua lógica há uma coerência quando ele afirma serem niilista o cri

O Cristianismo é um Platonismo para o Povo

A relação entre o pensamento de Platão e o cristianismo é sabidamente íntima, e ocorre desde os primórdios de sua fundação, na Patrística. Temos que não há um só Platão, porém vários, segundo seus intérpretes e seguidores. Daí o neoplatonismo ter ensejado várias escolas filosóficas, inclusive de cunho religioso. Porém a linha central de seu pensamento, inegavelmente, serviu àquelas teorias que pretenderam a metafísica. O nascente cristianismo embeberou-se sofregamente no manancial teórico do platonismo, guardadas as devidas proporções. O sistema dualista platônico atendeu a necessidade de racionalização que a cristandade ansiava. Na eminente figura de Agostinho assume uma justificativa da teorização do embate entre “carne e espírito”, identificando-se com os elementos filosóficos platônicos do mundo sensível em oposição ao inteligível, matéria e mundo das Ideias. A analogia é de fácil apreensão, correlacionando a alma com o mundo das Ideias e o mundo sensível à “carne”, s

A Perspectiva de Bacon e Hume quanto ao Método Indutivo

O método indutivo, de maneira resumida, caracteriza-se por partir de premissas específicas para alcançar conclusões mais gerais; diferente do método dedutivo, que parte do geral para o específico. A indução está intrinsecamente ligada ao empirismo, de modo que ela, partindo dos casos particulares em sua busca da generalização dos fenômenos, toma a observação e coleta de dados nas experiências ordinárias. Seu método segue regras definidas, que tem em Francis Bacon (1561-1626) seu ícone moderno por sua reformulação do saber que instaura critérios, que são até hoje consagrados. Isto posto, temos que, além de Bacon, outro grande pensador, David Hume (1711-1776), também se consagrou como defensor do empirismo e da indução como método para se chagar ao conhecimento. Porém, os dois autores não concordam filosoficamente quanto aos detalhes e escopo da indução enquanto ferramenta do conhecimento. Vejamos algumas dessas diferenças ao ponderarmos a peculiaridade do valor da indução

Procede linhas filosóficas que comparam Maquiavel ao “demônio” da política?

A questão sobre a demonização de Maquiavel na política é basicamente de ponto de vista. Pela qualidade da obra de Maquiavel, sobretudo O Príncipe, por uma leitura mais detida e profunda, não seria possível valorá-la como maléfica ou benéfica. Mantida a perspectiva histórica e o entendimento do pensamento filosófico do pensador Maquiavel, fica demonstrado que o uso e interpretação que se faz de sua obra como tratado da maldade é improcedente.  O florentino ao produzir sua obra principal sobre política tomava como ponto de partida a realidade da natureza humana, que ele entendia ser gananciosa e capciosa, e de sua Itália dividida por permanentes crises políticas e constantes ameaças externas. Daí propor uma personalidade política forte e desvinculada das amarras morais e religiosas; muito embora não seja difícil ler em seu tratado atribuição de valor as virtudes como desejáveis e admiráveis.  É verdade que sua tese de personalidade política forte atribui caráter utilita

Contraponto entre o modelo europeu de sociedade medieval e o novo modelo que surge no pós-renascimento

Muitos contrapontos, entre a sociedade medieval e a proposta que surge em consequência do Renascimento, são possíveis. Porém vamos observar apenas alguns em contraste. A sociedade medieval era estática, enquanto a que fermenta como desdobramento das transformações iniciadas pelo Renascimento e impulsionada, agora, pelo Iluminismo assume um dinamismo extraordinário, que irá consolidar o projeto humanista que mexeu nas bases estamentárias e, sobretudo, religiosas que perdurou em torno de mil anos. O Iluminismo, que foi o movimento de transformação paradigmática resultante do Renascimento, abrangeu todas as esferas do mundo humano, nos campos filosófico, político, social, econômico e cultural. Consolida a quebra de hegemonia da Igreja e devolve ao homem sua autonomia e uso da razão como valores máximos. Soma-se a isso, por razões históricas e políticas, a ascensão da classe burguesa, que surge do segmento não privilegiado do arranjo social medieval, artesãos e mercadores. É dent