A Perspectiva de Bacon e Hume quanto ao Método Indutivo
O método indutivo, de maneira resumida, caracteriza-se por
partir de premissas específicas para alcançar conclusões mais gerais; diferente
do método dedutivo, que parte do geral para o específico. A indução está
intrinsecamente ligada ao empirismo, de modo que ela, partindo dos casos
particulares em sua busca da generalização dos fenômenos, toma a observação e
coleta de dados nas experiências ordinárias. Seu método segue regras definidas,
que tem em Francis Bacon (1561-1626) seu ícone moderno por sua reformulação do
saber que instaura critérios, que são até hoje consagrados.
Isto posto, temos que, além de Bacon, outro grande pensador,
David Hume (1711-1776), também se consagrou como defensor do empirismo e da
indução como método para se chagar ao conhecimento. Porém, os dois autores não
concordam filosoficamente quanto aos detalhes e escopo da indução enquanto ferramenta
do conhecimento. Vejamos algumas dessas diferenças ao ponderarmos a
peculiaridade do valor da indução em ambos.
Bacon lança as bases da indução ao tratar da reforma do
saber que vigorava até sua época. Essa reforma, que abrangeu um espectro maior,
alcançou o uso da lógica, que em parte coincide com as regras do método
indutivo e científico usual. O bom uso que Bacon propunha da lógica era que ela
se prestaria a: a) a pesquisa ou invenção; b) ao exame ou juízo; c) conservação
da memória e d) comunicação (ele acreditava na “democratização do saber”). O
método científico se aprimorou a partir daí, porém manteve seus fundamentos. As
fases do método científico seguem os fundamentos empíricos e lógicos que Bacon
valorizava: Problema, Hipótese, Teste, Revisão, Replicação (falsificação, este
é específico do século XX), teoria.
Para Bacon o método indutivo tinha como fim levar o homem a
um domínio sobre a natureza, através do conhecimento de suas causas e leis que
a regia. Ele não problematizava o método, embora soubesse que seus achados não
eram definitivos, mas sempre possível de atualizações ao progredir as pesquisas
e novas descobertas. Hume, como veremos, problematiza o método indutivo,
tornando importante questão filosófica que influenciará os debates
epistemológicos até nossos dias.
A questão da indução em David Hume ultrapassa o simples
método. Diferindo dos racionalistas, para ele o conhecimento se dá com base nas
sensações. Essas sensações, advindas das experiências concretas, fundamenta a
crença do sistema de causa e efeito em nós, através das “impressões”. Daí que,
se nosso conhecimento do mundo se dá por impressões, qual seria a impressão que
marcaria a conexão-efeito em nosso sistema de indução? Para ele não há nada que
pudéssemos afirmar ou localizar tal conexão, pois não temos uma “impressão”
dessa conexão abstrata, criada por força do hábito. Assim, a crença nos
resultados indutivos é formada pelos hábitos experenciados. Porém, Ele situa a
questão da indução dentro de seu sistema de possibilidades do conhecimento humano.
Hume diferia de Bacon, que utilizava o método indutivo
apenas como ferramenta para fazer descobertas e ciência aplicada, não problematizando
o método em seus princípios, como já foi dito. No entanto Hume sendo empirista
dizia que, resumidamente, pois seu sistema que explicaria o funcionamento da
mente e seu alcance de conhecimento é bastante complexo, e não vem ao caso aqui
nesse contexto, da análise dos fatos e causas fenomênicas não se infere
determinar qual força existe na resultante da causa, e que explique uma conexão
necessária. Em outras palavras, só determinamos na indução a crença de
causa-efeito por força do hábito, adquirido das experiências passadas e da
regularidade com que a natureza opera seus fenômenos, assim como os regulamentos
necessários que regem o pensamento.
Enfim, para Bacon a indução é uma ferramenta metódica para
se atingir o conhecimento; Para Hume ela nos é útil, porém não podemos afirmar
que seus fundamentos são totalmente explicáveis do ponto de vista lógico, pois
como vimos, para ele inexiste essa conexão entre causa e efeito pretendido pela
indução.
Márcio de Carvalho Bitencourt
muito boa explanação sobre o método indutivo de Bacon e Hume . grato
ResponderExcluirótima explicação!
ResponderExcluirgratidão por compartilhar conhecimento.
O que eu mais lamento em toda a história do InferninhoDoDALIA (que agora chega na resolução final), é que por lá tenha passado tantos homens inteligentes MAS incapazes de reconhecer.uma mulher igualmente inteligente pelo simples fato de o grupo ser erótico hardcore (leia-se porno mesmo). Abraços
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