A Vontade Geral e a Liberdade em Rousseau
Expor a tese de Rousseau
sobre a vontade geral, com a pertinente justificativa em associação sobre o que
venha ser liberdade, é tarefa nada simples, porque filosófica e política.
Política, porque se faz necessário compreender que vontade geral, no pensamento
do autor, implica a discussão de interesses concorrentes; filosófica, na medida
em que ele busca fundamentar seus argumentos na razão de ser e existir do homem,
em toda sua evolução existencial, para explicar sua condição de liberdade e
perda desta.
Segundo Rousseau houve um
tempo que o homem era totalmente livre, em que apenas sua “existência e
manutenção eram seus naturais sentimentos” (Rousseau, 2005, p.204). Era uma
liberdade natural e intrínseca a todos os homens. Vivia de maneira selvagem,
existindo apenas de si mesmo e daquilo que o meio lhe propiciava para suas
necessidades de sobrevivência. Eventualmente seus instintos o levavam ao
acasalamento, única associação que ele experimentava. Porém essa condição
desdobrou-se em outras, ao longo de um tempo, segundo Rousseau, que lhe conduziu
a construir abrigo fixo e cultivares para sustento dessa incipiente célula
associativa.
Essa aventura evoluiu, de
maneira que engendrou relações com outros homens, a ponto de unirem sua força
de trabalho para produzir com mais eficácia. No entanto por forças outras,
talvez o amor próprio, que leva a inveja e a cobiça, e culminando com o momento
em que um homem institui a propriedade privada cercando uma porção de terra,
aquela liberdade primordial desaparece das relações e convívio entre eles. Força-se,
assim, a instituição de leis que pretendem “legitimar” essa usurpação. Pior,
cria a relação de poder e força de uma classe que detém a posse de riquezas
sobre outra que é destituída, resultando na dominação e tentativa de opressão à
liberdade natural.
Esse é o primeiro contrato.
Interessante notar que foi forjado sobre falácia, com a promessa de garantir
direitos e justiça, que na verdade apenas privilegiava a propriedade e tornava
os que eram despossuídos serviçais daqueles que detinham o poder de posse e
econômico. Temos aí a perda da liberdade e da igualdade que pertenceria a todo
homem por direito natural. Porém Rousseau propõe uma lógica política que
poderia resolver a perda da liberdade natural: a criação da liberdade civil mediada
por um contrato social. Para isso ele considera um sistema em que os indivíduos
que compõe a sociedade exerçam, materializada legislativamente, sua vontade
como afirmação da liberdade e consequentemente o fim da opressão, garantidos
pelo Estado possibilitado por esse contrato.
No entanto para ter eficácia essa
vontade transcenderia a vontade particular, da maioria e corporativa. A vontade
que Rousseau diz fazer neutralizar a desigualdade entre os homens e seus
desdobramentos nefastos é a Vontade Geral.
Define que na vontade particular
prevalece o proveito individual sobre a maioria; na vontade corporativa prepondera o interesse de grupos sobre o
conjunto da sociedade; e na vontade da
maioria o que se obtém é a soma de todos os interesses particulares, o que
viria causar desordem social, haja vista que o cenário seria o de cada um por
si.
Então, como seria a soberania
que a vontade geral teria sobre as outras e qual seu resultado no tecido
social? Nosso autor diz que a vontade geral se caracteriza vantajosamente por
ser, não a soma ou eleição de uma vontade superior qualquer, antes é o
resultado que visa o interesse comum, algo em que todos são beneficiários; não
havendo nela conflito de interesses, muito embora remanesçam em cada indivíduo
esses conflitos. Desenvolve-se daí a cidadania, sobretudo firma-se a condição
de igualdade que favorecerá uma sociedade justa.
Mas há um problema na tese de
Rousseau. Como obter a vontade geral, se sua emergência se faz com a
participação direta através da Assembleia, que é onde todos possam se
manifestar par obter-se a interseção de suas vontades? Observa-se que há uma
impossibilidade prática na sociedade de reunir toda a massa de indivíduos para
que se manifestem e apurem seu desiderato. Não poderíamos pensar em substituir
essa democracia direta pela representativa que conhecemos, pois Rousseau diz que
a representação de um sujeito por outro é falsa, porque ela enseja apenas o
interesse particular do representante.
Concluímos assim que a
verdadeira legitimidade política na proposição de Rousseau, nos termos estritos
postos por ele, se configura uma utopia. Todavia, a problematização político-filosófica
que ele faz sobre a injustiça, opressão e subtração da liberdade são fundadas
em argumentos que apontam caminhos aonde a sociedade pode tentar superar suas
contradições relativamente inspiradas nela.
Márcio de Carvalho Bitencourt
Calendário judaico ou hebraico (do hebraico הלוח העברי) é o nome do calendário utilizado dentro do judaísmo.
ResponderExcluirNisan - começo em 26 de Abril
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