Qual a perspectiva científica e seu predomínio na “visão de mundo” contemporânea?


  A primeira parte da pergunta tem duas respostas possíveis. Uma coloca a ciência numa perspectiva positiva, onde seus propugnadores defendem a ciência como impulsionadora do progresso e tecnologias cada vez mais sofisticadas, geradoras de produtos e processos que prometem melhores e mais conforto para a humanidade. Outra, desiludida com o ideal do Iluminismo, que prometia uma humanidade sob o império da razão e fundamentada na ciência, porém a cobiça por lucros cada vez maiores e a qualquer custo, dentro da lógica capitalista, deixou grande parte da humanidade à margem do tão prometido Eldorado. Também se agrega nessa visão negativa a questão ecológica, em que os usos da tecnologia na exploração dos recursos naturais são empregados sem levar em conta o equilíbrio dos ecossistemas. Quanto à “visão de mundo” é inegável uma transformação radical no sentido e conceito que o homem moderno adquiriu sobre sua condição e perspectiva do universo. 
  O homo faber passa a ser aquele que tudo pode transformar na natureza, tornando-se senhor absoluto desta. Diante dessas perigosas posições que o homem moderno, positivista, se encontra, urge repensar uma ética que valorize o homem sobre qualquer outro interesse, objetivando a vida e seus meios de manutenção como fundamentos preciosos a serem priorizados. A Filosofia tem uma tarefa fundamental a cumprir para com a humanidade deslocando o eixo dos valores e reflexão. Fazer ver a superlativa qualidade da vida, onde a ciência esteja a serviço da manutenção dos meios de vida. Uma ciência imparcial é um argumento falacioso, haja vista que está a serviço de um modo de produção predador; por isso urge uma Filosofia e uma Ética engajada na defesa dos valores humanos, buscando uma ampla discussão para se encontrar um equilíbrio que nos faça orgulhar de nossa razão e ciência.

Márcio de Carvalho Bitencourt

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